Page 27 -
P. 27

- Não  lhe  dou  a  tal  respeito  nenhum  conselho.  Faça  o  que  disser  o  seu
                          coração;  mas  um  sonho
                  desses...

                        Zilda que  era  muito  mais  moça  que  Iracema,  teve  respeito  pela  sua
                        experiência  e  sagacidade.
                  Percebeu logo que ela era favorável a que ela jogasse. Isto estava a quarentona da
                  vizinha, a tal Dona Iracema, a dizer-lhe pelos olhos.

                        Refletiu ainda alguns minutos e, por fim, disse de um só hausto:

                        - Jogo tudo.

                        E acrescentou:

                        - Vamos fazer a lista - não é Dona Iracema?

                        - Como é que a senhora quer?

                        - Não sei bem. A Genoveva é

                        quem sabe. E gritou, para o


                        interior da casa:

                        - O Genoveva! Genoveva! Venha cá, depressa!

                        Não tardou que a cozinheira viesse. Logo que a patroa lhe comunicou o
                  embaraço, a humilde preta apressou-se em explicar:

                        - Eu disse a nhanhã que cercasse por todos os lados o grupo, jogasse na
                          dezena,  na centena e no
                  milhar.

                        Zilda perguntou à Dona Iracema:

                        - A senhora entende dessas cousas?

                        - Ora! Sei muito bem. Quanto quer jogar?

                        - Tudo ! Oitenta mil-réis !

                - É muito, minha filha. Por aqui não há quem aceite. Só se for no Engenho de Dentro,
                  na casa do Halavanca, que é forte. Mas quem há de levar o jogo? A senhora tem
                  alguém?

                        - A Genoveva.
   22   23   24   25   26   27   28   29   30   31   32