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- Não lhe dou a tal respeito nenhum conselho. Faça o que disser o seu
coração; mas um sonho
desses...
Zilda que era muito mais moça que Iracema, teve respeito pela sua
experiência e sagacidade.
Percebeu logo que ela era favorável a que ela jogasse. Isto estava a quarentona da
vizinha, a tal Dona Iracema, a dizer-lhe pelos olhos.
Refletiu ainda alguns minutos e, por fim, disse de um só hausto:
- Jogo tudo.
E acrescentou:
- Vamos fazer a lista - não é Dona Iracema?
- Como é que a senhora quer?
- Não sei bem. A Genoveva é
quem sabe. E gritou, para o
interior da casa:
- O Genoveva! Genoveva! Venha cá, depressa!
Não tardou que a cozinheira viesse. Logo que a patroa lhe comunicou o
embaraço, a humilde preta apressou-se em explicar:
- Eu disse a nhanhã que cercasse por todos os lados o grupo, jogasse na
dezena, na centena e no
milhar.
Zilda perguntou à Dona Iracema:
- A senhora entende dessas cousas?
- Ora! Sei muito bem. Quanto quer jogar?
- Tudo ! Oitenta mil-réis !
- É muito, minha filha. Por aqui não há quem aceite. Só se for no Engenho de Dentro,
na casa do Halavanca, que é forte. Mas quem há de levar o jogo? A senhora tem
alguém?
- A Genoveva.