Page 137 - 3M A ALMA ENCANTADORA DAS RUAS
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Quando ele apareceu, altivo e sobranceiro
               Valente como as armas, beijando o pavilhão
               A pátria suspirou dizendo: ele é o guerreiro
               É marechal de ferro, escudo da nação.


               É de imaginar por aí que a pátria suspirosa tinha medo das granadas e odiava Saldanha? Pois
               não! Saldanha também tem quadras em que se canta o seu valor épico. Na guerra de Canudos
               os garotos diziam a propósito do Conselheiro


               Quem será esse selvagem
               Esse vulgo santarrão
               Que encoberto de coragem
               Fere luta no sertão?


               para cantar em estilo majestático a morte de Moreira César. A musa tem dignidade – a quantos
               jornais ensinaria ela! Basta que o sangue apareça para que a vejamos soluçar.


               5 de novembro
               Data fatal
               Em que deu-se a morte
               Desse marechal...


               Basta que alguém suba para que ela aplauda. Por quê? Porque, além de chorosa,  além de digna,
               ela também recebeu o vírus que corrompe as camadas superiores, o vírus do engrossamento.
               Apenas nela é espontâneo e sem lucro. É o patriotismo bizarro.


               A polícia  proíbe  as  agressões  às  autoridades.  Furcy  seria  um  mito  na  Maison  Moderne,
               impossível em qualquer brasserie.


               O povo, porém, que, como se sabe, é sempre oposicionista, decorou a canção dos presidentes:


               1º de março
               Foi o dia da eleição,
               Foi eleito o Campos Sales
               Presidente da nação.
               Parabéns ao novo chefe,
               Seus passos serão leais,
               Como foram os do nosso
               Bom Prudente de Morais.


               Era bom Floriano, era bom Prudente, foi bom Campos Sales, são bons Rodrigues Alves e já o
               conselheiro Afonso Pena! Um outro versinho diz:


               Mostrou que o Brasil não dorme
               Da presidência o bom paulista
               E se quer que o mineiro informe
               Com ele é tudo fogo, lingüiça!
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