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aceita, por certo; e eu..."
Matutou domingo, pois o casamento tinha sido no sábado; refletiu segunda e, na
terça, cheio de coragem, chegou-se à Ermelinda e pediu-a em casamento.
- É grave isto, Cazu. Olhe que sou viúva e com dois filhos!
- Tratava " eles" bem; eu juro!
- Está bem. Sexta-feira, você vem cedo, para almoçar comigo e eu dou a
resposta.
Assim foi feito. Cazu chegou cedo e os dous estiveram a conversar. ela, com
toda a naturalidade, e ele, cheio de ansiedade e, apreensivo.
Num dado momento, Ermelinda foi até à gaveta de um móvel e tirou de lá um
papel.
- Cazu - disse ela, tendo o papel na mão - você vai à venda e à quitanda e compra
o que está aqui nesta "nota". É para o almoço.
Cazu agarrou trêmulo o papelucho e pôs-se a ler o seguinte:
1 quilo de feijão ................ 600 rs.
1/2 de farinha ....................... 200 rs.
1/2 de bacalhau .................... 1.200 rs.
1/2 de batatas .......................360 rs.
Cebolas ................................. 200 rs.
Alhos .................................... 100 rs.
Azeite ................................... 300 rs.
Sal ......................................... 100 rs.
Vinagre ................................. 200 rs.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.260 rs.
Quitanda:
Carvão ....................................... 280 rs.
Couve ....................................... 200 rs.
Salsa ......................................... 100 rs.
Cebolinha ................................. 100 rs.
tudo ................ 3.860 rs.
Acabada a leitura, Cazu não se levantou logo da cadeira; e, com a lista na mão, a
olhar de um lado a outro, parecia atordoado, estuporado.
- Anda Cazu, fez a viúva. Assim, demorando, o almoço fica tarde...
- É que...
- Que há ?