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é Felicianinho? Campossolo fazia solenemente :
- Como não, estou sempre disposto a auxiliar a progressividade dos colegas.
Simplício, à esquerda de Dona Sebastiana, olhava distraído para a fruteira e nada
dizia. Guaicuru, que não queria dizer que a verdadeira . razão estava em não ser a tal
faculdade "reconhecida", negaceava:
- Os colegas podiam reclamar.
Dona Sebastiana acudia com vivacidade :
- Qual o que . O senhor reclamava, Senhor Simplício?
Ao ouvir o seu nome, o pobre rapaz tirava os olhos da fruteira e perguntava com
espanto:
- O que, Dona Sebastiana ?
- O senhor reclamaria se Felicianinho consentisse que o Guaicuru saísse, para ir
advogar?
- Não.
E voltava a olhar a fruteira, encontrando-se rapidamente com os olhos de
topázio de Mariazinha.
Campossolo continuava a comer e Dona Sebastiana insistia:
- Eu, se fosse o senhor ia advogar.
- Não posso. Não é só a repartição que me toma o tempo. Trabalho em um livro
de grandes proporções.
Todos se espantaram. Mariazinha olhou Guaicuru; Dona Sebastiana levantou mais
a cabeça com pince-nez e tudo; Simplício que, agora, contemplava esse quadro célebre
nas salas burguesas, representando uma ave, dependurada pelas pernas e faz pendant
com a ceia do Senhor - Simplício, dizia, cravou resolutamente o olhar sobre o colega, e
Campossolo perguntou:
- Sobre o que trata?
- Direito administrativo brasileiro. Campossolo observou:
- Deve ser uma obra de peso.
- Espero.
Simplício continuava espantado, quase estúpido a olhar Guaicuru. Percebendo
isto, o mato-grossense apressou-se: