Page 7 - 5F A ILHA DO TESOURO
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ça e, em voz terrível, ordenou-me que o levasse imediata-
          mente à presença do Capitão.

          Acompanhei-o. Vendo o cego, o Capitão ficou assombrado
          e procurou fugir; mas o mendigo ordenou-lhe que ficasse
          quieto; pôs-lhe então na palma do mão qualquer coisa que
          não consegui ver o que era e saiu da sola com incrível
          agilidade.

          Refeito da surpresa, o Capitão me disse que ainda lhe res-
          tavam seis horas e meia para conseguir o que queria e
          encaminhou-se para a porta. Não, chegou a alcançá-la.
          Levando uma dos mãos à garganta, cambaleou e, com um
          estertor abafado, caiu ao chão.


          0 Capitão morrera de um derrame cerebral.

          Logo após a sua morte, contei a minha mãe tudo quanto
          sabia. Resolvemos então, de comum acordo, apanhar o
          célebre baú e levá-lo sem demora à casa do Dr. Livesey.


          Mas, antes disso, passamos pela cosa de uns amigos nos-
          sos e muni-me de uma pistola. Voltamos à nossa estala-
          gem, onde encontramos o cadáver do pobre Capitão tal
          como o deixáramos. Ajoelhei-me junto do morto e, ven-
          cendo a minha repugnância, tirei-lhe do pescoço uma pe-
          queno e fina chave. Saímos então do quarto e minha mãe
          pôde facilmente abrir o baú.

          Levantada a tampo, vimos duas bonitos pistolas, tabaco,
          uma borra de prata, diversos objetos e, num envoltório,
          embranquecido pela água do mar, um embrulhinho enrola-
          do em tecido impermeável, que continha documentos, e
          um saquinho cheios de moedas.

          Abrimos o pacote e pusemo-nos a contar o dinheiro. Mas




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