Page 12 - 5F A ILHA DO TESOURO
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bom, a tripulação e o comandante eram verdadeiros ho-
mens do mar, e o cavaleiro e o médico, sobretudo este
último, se mostravam sempre cordialíssimos amigo.
Os primeiros dias passaram depressa e, excetuando queda
no mar do nosso imediato, um homem sempre embriaga-
do e cambaleante, nada perturbou a viagem. Ao por do
sol, após o meu turno de guarda, ia freqüentemente à co-
zinha ter com o velho John, que falava das venturas do
capitão Flint e me mostrava, encantado, as proezas do
seu papagaio, animal - dizia ele - com cerca de duzentos
anos de idade.
No último dia de viagem, após terminar o meu serviço,
resolvi ir tomar mel no porão. Enfiei-me no barrica que o
continha e encontrei-a quase vazia; cansado, acomodei-
me no fundo e estava para adormecer, quando um homem
se sentou pesadamente em cima dela. Já me dispunha a
sair da barrica, quando ele começou a falar. Era a voz de
Silver.
Falou demoradamente. Contou, pela centésima vez, as
aventuras do terrível capitão Flint, seu antigo comandante,
comunicou aos marinheiros que eles em breve seriam bem
recompensados, lamentou-se de haver dissipado em pou-
co tempo um grande patrimônio e continuou seu tenebro-
so discurso com palavras de lisonja a todos os marinheiros
da Espanhola. Depois, em voz baixa, expôs o seu plano.
Ele, John Silver, deixaria o cavaleiro e o capitão atingirem a
ilha e descobrirem o tesouro, e os ajudaria a embarcá-lo.
Mas, na viagem de regresso, o navio e o tesouro passari-
am, pela força, às suas meios e às dos marinheiros seus
amigos. E o capitão e o cavaleiro nunca mais reveriam
Bristol.
Os marinheiros que o rodeavam, e que eu não podia ver,
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