Page 6 - 5F A ILHA DO TESOURO
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cão, que não alcançou o alvo, e o “Cão Negro” embora
          ferido no ombro, ainda teve tempo de escapar.

          Terminado o combate, o Capitão mandou-me trazer-lhe
          rum, mas não pôde bebê-lo, porque, sem forças, caiu por
          terra.


          0 Dr. Livesey, chamado incontinenti, examinou
          demoradamente o enfermo e, antes de o deixar, recomen-
          dou-lhe com grande encarecimento que não tomasse be-
          bidas alcoólicas.

          As suas ordens não foram cumpridas. 0 Capitão tanto me
          suplicou que, compadecido, resolvi levar-lhe uma garrafa
          de rum. Esvaziou-a em dois tempos e, em vez de agrade-
          cer-me, perguntou-me se tornara a ver o “Cão Negro” e
          pediu-me que levasse pessoalmente ao Dr. Livesey o baú
          que estava no seu quarto, para que a “mancha negra” não
          pudesse reavê-lo.

          A minha pergunto sobre o que significava “mancha negra”,
          o Capitão respondeu evasivamente e eu fiquei meio confu-
          so.


          Nos dias que se sucederam, o Capitão andou pela estala-
          gem, atemorizado e cambaleante de fraqueza, como uma
          cima penada. Não respondia às perguntas que lhe faziam e
          de vez em quando olhava em volta, desconfiado.

          Assim se passou uma semana. Por volta das três horas de
          uma tarde fria e nevoenta, um mendigo, cego, curvado
          pelos anos e coberto por um enorme capote, parou diante
          da tabuleta da hospedaria. Pediu em voz alta que lhe ser-
          vissem de guia.

          Ofereci-lhe a mão: o misterioso velho apertou-a com for-




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