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se metessem em grandes comissões e gorjetas, que os banqueiros da Europa lhes
davam, não foi mais a primazia de Aurilândia que se conheceu naquele mancebo
desconhecido, o seu legítimo Imperador Dom Henrique V, bisneto do bom Dom Sajon:
foi todo país, operários, soldados, cansados de curtir miséria também; estrangeiros,
vagabundos, criminosos, prostitutas, todos enfim, que sofriam.
O chefe dos hjanlhianes morreu como um cão, envenenado por ele mesmo ou
por outros, no seu palácio, enquanto os seus criados e fâmulos queimavam no pátio, em
auto-de-fé, os tapetes que tinham custado misérias e lágrimas de um povo dócil e bom.
A cidade se iluminou; não houve pobre que não pusesse uma vela, um coto, na janela do
seu casebre...
Dom Henrique reinou durante muito tempo e, até hoje, os mais conscienciosos
sábios da Bruzundanga não afirmam com segurança se ele era verdadeiro ou falso.
Como não tivesse descendência, quando chegou aos sessenta anos, aquele sábio
príncipe proclamou por sua própria boca a república, que é ainda a forma de governo da
Bruzundanga mas para a qual, ao que parece, o país não tem nenhuma vocação. Ela
espera ainda a sua forma de governo...