Page 22 - 5F A ILHA DO TESOURO
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do de vigiar Hands. Quando me virei de repente, vi que o
contramestre tinha o punho erguido e procurava agredir-
me. Gritei, corri para o mastro grande, empunhei uma pis-
tola e, enquanto Hands se precipitava de novo contra mim,
apertei o gatilho. Infelizmente, a arma não detonou, por-
que a água do mar umedecera a carga. Irritado, apoiei for-
temente a palma das mãos contra o mastro grande e fi-
quei no expectativa, com os nervos tensos. Israel veio até
junto de mim; consegui fugir-lhe urna, duas, três vezes;
mas um balanço do Espanhola nos fez cambalear e rolar
no chão. Fui o primeiro a levantar-me e, rápido como um.
relâmpago, trepei à barra dos velas, onde pude finalmente
tomar fôlego.
A minha rapidez salvou-me, pois, enquanto eu subia pelo
cabo das velas, o punhal de Hands fendia o ar a poucos
centímetros abaixo de mim; o pirata ficou boquiaberto, com
o rosto voltado para cima, pasmado de assombro e de-
cepção.
Aproveitando aquela trégua, apressei-me em carregar ou-
tra vez as duas pistolas e Hands, que seguia estupefato os
meus menores movimentos, começou a compreender que
a sorte se virara contra ele ; hesitante, pôs-se todavia a
subir lento e penosamente pelos cabos acima, com o pu-
nhal entre os dentes.
Então, com uma pistola em cada mão, intimei-o a deter-
se. Israel Hands parou e disse-me que se rendia.
Escutava eu sorridente as suas palavras, quando, inopina-
damente, urna coisa qualquer cortou os ares: senti uma
dor agudo e vi que estava ferido. A surpresa e a dor fize-
ram com que, involuntária e inconscientemente, eu dispa-
rasse as duas pistolas e as deixasse escapar dos mãos.
Mas não caíram sós, pois, com um grito abafado, o con-
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