Page 28 - 5F A ILHA DO TESOURO
P. 28

“Espanhola” constituía, para o nosso reduzido grupo, uma
          tarefa extenuante. 0 trabalho foi executado normalmente.
          Gray e Ben Gunn faziam o transporte no barco e os res-
          tantes, durante a sua ausência, amontoavam o ouro no
          praia.

          Levamos alguns dias a empilhar o tesouro no porão. E,
          numa bela manhã, após termos embarcado uma boa pro-
          visão de água e tudo quanto havíamos solvo do nosso
          abastecimento de carne de cobra, levantamos âncora, não
          sem alguma dificuldade, e saímos do baía setentrional.

          Em menos de meio dia de viagem vimos, com alegria
          indescritível, desaparecer para sempre no horizonte a mais
          alta montanha do ilha.

          A equipagem do goleta era tão reduzida que todos a bordo
          tinham de fazer trabalho dobrado, exceto o capitão, que
          dava ordens deitado num colchão; é que, embora conva-
          lescente, necessitava de repouso. Como não podíamos ar-
          riscar-nos a uma viagem de regresso sem outros mari-
          nheiros, dirigimo-nos ao primeiro porto da América espa-
          nhola, aonde, chegamos extenuados, após termos nave-
          gado contra o vento.

          Já o sol se punha, quando ancoramos numa linda baía bem
          protegida. Fomos então subitamente rodeados de barcos
          de negros, índios e mestiços, que vendiam frutos e legu-
          mes.

          A vista de todos esse s rostos alegres, especialmente dos
          negros, a perfume dos frutos exóticas e, sobretudo, as
          luzes que brilhavam, na cidade logo nos fizeram esquecer
          a. permanência no ilha de sanguinolento memória.

          0 médico e o cavaleiro me levaram consigo a passar a




                                                                        28
   23   24   25   26   27   28   29   30