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caça, como se tivesse de fazer alguma.

                        No lugar em que morava, só havia  uma espécie  de  caça rasteira: eram preás
                  porém  nos  capinzais;  mas,  Simões,  que  era  da  nobre  família  dos  Feitais  de  Pati  e
                  adjacências, não podia entregar-se a torneio tão vagabundo.

                        Como havia de empregar a sua gloriosa matilha?

                        À sua perversidade inata acudiu-lhe logo um alvitre : caçar os frangos e outros
                  galináceos  da vizinhança que, fortuitamente, lhe iam ter no quintal.

                        Era ver um frango de qualquer vizinho, imediatamente  estumava  a cachorrada
                  que estraçalhava  em três tempos o bicharoco.

                        Os  vizinhos  acostumados  com  os  pacatos  moradores  antigos  estranharam  a
                  maldade de semelhante imbecil que se fazia mudo às reclamações da pobre gente que
                  lhe morava em torno.

                        Cansados com as proezas do caçador doméstico de frangos e patos resolveram
                por termo a elas.

                        Trataram de mal-assombrar a casa. Contrataram um moleque jeitoso que se metia
                  no forro da casa, à noite e lá arrastava correntes.

                        Simões 1embrou-se dos escravos dos seus parentes Feitais e teve remorsos. Um
                  dia  assustou-se  tanto  que  correu  espavorido  para  o  quintal,  alta  noite,  em  trajes
                  menores, com  o  falar  transtornado.  Os  seus molossos não o conheceram e o puseram
                  no estado em que punham os incautos frangos da vizinhança: estraçalharam-no.

                        Tal foi o fim de um dos últimos rebentos dos poderosos Feitais de Barra Mansa.
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