Page 251 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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- Se conhece, porque não vai até lá e dá um beijinho nele? Aposto que ele
               vai gostar.










                      Ela  ficou  furiosa  comigo.  Finalmente,  o  bobalhão  nos  viu  e  veio
               cumprimentá-la. Valia a pena ver os dois se cumprimentando. Parecia até que
               não se viam há uns vinte anos. Parecia até que os dois tomavam banho juntos, na
               mesma  banheira,  quando  eram  crianças.  Velhos  faixas.  Era  nojento.  O  mais
               engraçado é que eles, provavelmente, só se haviam encontrado uma única vez,

               em  alguma  festa  cretina.  Afinal,  quando  deram  a  baboseira  por  terminada,  a
               Sally resolveu me apresentar. O nome do cara era George qualquer coisa - nem
               me lembro - e estudava no Andover. Grande coisa. Dava gosto ver a cara do
               sujeito  quando  a  Sally  pediu  a  opinião  dele  sobre  a  peça.  Tratava-se  de  um
               desses cretinos que precisam de espaço quando começam a falar. Deu um passo
               para trás e pisou em cheio no pé de uma dona que estava bem ali. Acho que não
               sobrou um dedo inteiro no pé da infeliz. Disse que a peça em si não era nenhuma

               obra-prima, mas os Lunts, evidentemente, eram uns anjos. Anjos, pomba! Anjos.
               Era o fim. Aí, ele e a Sally começaram a falar de uma porção de gente que os
               dois conheciam. Era a conversa mais cretina do mundo. Ficavam pensando no
               nome  dum  lugar,  o  mais  depressa  que  podiam,  e  então  soltavam  o  nome  de
               alguém que morava no tal lugar. Eu estava a ponto de vomitar quando chegou a

               hora de sentar outra vez. Estava mesmo. E então, quando acabou o segundo ato,
               os  dois  continuaram  a  tal  conversa  morrinha.  Ficaram  pensando  em  outros
               lugares e outros nomes de pessoas que moravam lá. Para piorar, o palhação tinha
               uma dessas vozes bem cretinas e pedantes, como se estivesse cansado pra burro.
               Parecia uma moça, com aquela voz de fresco. Mas o filho da mãe não teve o
               menor  escrúpulo  de  se  meter  com  minha  pequena.  Quando  saímos  do  teatro
               pensei  até que ele ia  entrar conosco na droga do táxi, porque andou uns dois

               quarteirões com a gente, mas acabou dizendo que tinha de tomar uns drinques
               com uma turma de cretinos. Imaginei os caras sentados num bar, cada um metido
               numa  droga  dum  colete  xadrez,  comentando  peças,  livros  e  mulheres  com
               aquelas vozes cansadas e esnobes. Esses caras me enchem.
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