Page 7 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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parte. Não dava para ver direito as arquibancadas, mas dava para se ouvir os
gritos da torcida, fortes e terríveis do lado do Pencey, porque o colégio em peso
estava lá - menos eu - e débeis e desanimados do pessoal do Saxon Hall, porque
o time visitante quase nunca trazia muita gente.
Pouquíssimas garotas iam aos jogos de futebol. Só os veteranos tinham
permissão de levar suas pequenas. Era um colégio horrível, sob todos os pontos-
de-vista. Gosto de estar num lugar onde, pelo menos, a gente possa ver umas
garotas de vez em quando, mesmo que elas estejam apenas coçando o braço,
assoando o nariz, rindo à toa ou coisa que o valha. A tal Selma Thurmer - que
era filha do diretor - costumava ir muito aos jogos, mas não era exatamente um
tipo que deixasse a gente com água na boca. Mas era muito boazinha. Uma vez
sentei ao lado dela no ônibus de Angerstown e começamos a bater papo.
Simpatizei com ela. Tinha um nariz enorme, as unhas eram todas roídas e
avermelhadas, usava um desses seios postiços que apontam para todo lado, mas
no fim a gente sentia um pouco de pena dela. O que eu gostava nela é que não
vinha com aquela conversa de que o pai era um grande sujeito. Com certeza
sabia o cretinaço que ele era.
Eu estava ali no alto do morro, e não no campo, porque tinha acabado de
chegar de Nova York com a equipe de esgrima. Eu era a droga do capitão da
equipe. Grande merda. Tínhamos ido a Nova York, de manhã, para uma
competição com o colégio Mc-Burney. Só que não houve competição nenhuma.
Esqueci os floretes, o equipamento e a porcaria toda no metrô. Também, a culpa
não foi só minha. Tinha que ficar me levantando o tempo todo para olhar o mapa
e saber onde a gente tinha que saltar. Por isso voltamos para o Pencey lá pelas
duas e meia, em vez de chegar na hora do jantar. Na viagem de volta o time me
deu o maior gelo. Até que foi engraçado.