Page 275 - 9F O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO
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cantava  uma  canção  boba,  meio  em  inglês  e  meio  em  francês,  e  deixava

               completamente  alucinados  todos  os  cretinos  que  lotavam  a  casa.  Se  a  gente
               ficasse um pouco por lá e ouvisse todos os cretinos aplaudindo e tudo, tinha que
               acabar  odiando  todo  mundo  que  existe  na  terra,  juro  que  tinha.  O  barman
               também era uma besta. Um esnobe tremendo. Só falava com a gente se fosse um
               cara importante pra burro, ou uma celebridade, ou coisa parecida. E se a gente
               fosse um cara importante ou uma celebridade ou coisa parecida, aí ele era ainda

               mais  nojento.  Ia  até  onde  a  gente  estava  e  dizia,  com  um  daqueles  sorrisos
               encantadores,  como  se  ele  fosse  um  cara  fabuloso,  para  os  conhecidos  dele:
               "Então! Como vão as coisas em Connecticut?" ou então "Como vai a Flórida?".
               Era um lugar horrível, fora de brincadeira. Aos pouquinhos fui deixando de ir lá
               completamente.










                      Cheguei  lá  muito  cedo,  me sentei no bar -  estava entupido de gente - e
               tomei uns dois uísques enquanto esperava o Luce. Fiquei em pé na hora de pedir
               os  uísques,  para  eles  verem  meu  tamanho e  tudo, e não pensarem que eu era

               menor de idade. Aí fiquei espiando os cretinos. Um cara perto de mim estava
               dando a maior cantada na garota que estava com ele, dizendo que ela tinha mãos
               aristocráticas. Me esbaldei. Do outro lado do bar, só tinha veado. Até que não
               eram muito afrescalhados - quer dizer, não usavam os cabelos muito compridos
               nem nada - mas estava na cara que eram veados. Até que afinal o Luce apareceu.










                      O  Luce  velho  de  guerra.  Que  sujeito!  Foi  indicado  para  ser  o  meu
               conselheiro  no  Whooton.  Mas  a  única  coisa  que  fez  o  tempo  todo,  foi  fazer
               conferências  sobre  sexo,  altas  horas  da  noite,  quando  uma  turma  grande  se

               reunia no quarto dele. Entendia um bocado de sexo, principalmente de tarados e
               esse  negócio  todo.  Estava  sempre  contando  a  estória  de  uns  camaradas
               perturbados que tinham casos com ovelhas, e outros que andam com calcinhas
               de mulher costuradas no forro dos chapéus e tudo. E veados, e lésbicas. O safado
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